quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Turismo Acessível


A solidariedade no turismo vai além da possibilidade econômica e social, ela entra nas barreiras físicas e alcança a acessibilidade e o direito de ir e vir das pessoas com algum tipo de deficiência física.

“A compreensão mais recente da deficiência entende que as incapacidades são produzidas na interação com o ambiente e são frutos da forma como este está organizado. Por isso, a sociedade é que deve transformar-se, no sentido de eliminar as barreiras que impedem a pessoa de exercitar plenamente as suas capacidades e exercer sua cidadania.”  (Susie Alcoba)

Quero comentar um case que mostra a falta de investimentos na capacitação dos funcionários no relacionamento com os clientes, mostrando uma inabilidade na gestão dos Recursos Humanos da empresa. A empresa deve estar preparada para oferecer um atendimento de qualidade a seus clientes. Este case fala da experiência de uma pessoa na acessibilidade do turismo, mostrando a importância em fazer projetos que levem em conta as necessidades e o contexto das pessoas com necessidades especiais. O Case Preconceito e discriminação no Turismo, postado no Blog Turismo Adaptado, pelo Turismólogo Ricardo Shimosakai.

Fonte: Google

O case aconteceu quando Shimosakai, em busca de realizar seu sonho em fazer a sua primeira viagem internacional a Europa, vai a procura de uma agencia de viagens, considerada de grande porte e conhecida por praticar o turismo acessível em todos os níveis: social, econômico e pensávamos, eu e o autor do case, a acessibilidade física. Seria a sua primeira viagem depois de ter se tornado cadeirante. Ricardo tinha dúvidas quanto ao destino, mas após consultar o agente de viagens, resolveu fazer o pacote fechado de 27 dias, para o final do mês de julho a meados de agosto, para Portugal, França, Espanha e Inglaterra. O agente teve duvidas quanto à hospedagem, devido às condições físicas de Ricardo, que o tranquilizou dizendo que saberia se cuidar sozinho sem precisar de ajuda, na condição dos hotéis serem adaptados para receber pessoas com necessidades especiais. Após consulta o agente confirmou as condições de acessibilidade dos hotéis e do roteiro. Marcaram então o dia do embarque. Ainda arrumando a documentação para o pacote turístico, o agente percebeu que precisa resolver mais algumas questões, e pediu um prazo para o fechamento do pacote, em seguida enviaria os documentos para casa de Ricardo, através de um motoboy. Ele aguardou alguns dias para o embarque, e por não obter uma resposta, resolveu procurar a agencia e ficou muito surpreso com a resposta do Agente:

 Senhor me desculpe, infelizmente como o senhor nos dará muito trabalho, se quiser viajar, terá obrigatoriamente que arranjar um acompanhante!” (Atendente da agencia de turismo)



A reação de Ricardo foi à previsível, ficou muito irritado e decepcionado devido à expectativa alimentada pela agencia, no momento em que foi contratado o pacote. O agente poderia ter informado sobre a questão da acessibilidade, Pensou Ricardo.  Sua desilusão foi imensa, devido à frustração de seu sonho naquele momento. Logo com ele um profissional de turismo que trabalha com turismo acessível, se vendo discriminado. Passado o susto inicial, nosso protagonista resolveu procurar um advogado e rever seus direitos. Contratou um advogado cego, que luta pelos direitos das pessoas com deficiência, Roberto Bolonhini Júnior.

O juiz deu ganho de causa a Ricardo, após uma verificação do caso utilizando outra pessoa nas mesmas condições. ficou claro para o juiz que a empresa não teve o cuidado necessário para fazer o atendimento aos clientes que precisam de cuidados especiais, pois repetiram o mesmo erro. A sentença decretada pelo juiz, para empresa foi: pagar uma indenização por danos morais, preconceito, discriminação e outras questões que se enquadram nas leis brasileiras e internacionais. A agência processada alegou estar preocupada com o cliente, e queria deixá-lo confortável e sem problemas em sua viagem.

A lição deste episódio fez com que Ricardo, logo depois de ganhar a causa na justiça e por ser um Turismólogo, resolver organizar por si mesmo, a viagem de seus sonhos, aos mesmos lugares que pretendia, pesquisando todos os detalhes, com o cuidado de ver a acessibilidade nos destinos. Um tempo depois da  viagem passou a orientar clientes nas mesmas condições e com outros tipos de dificuldades em viagem de turismo adaptado, e acessível.

Deste case é possível concluir que: as agencias precisam urgentemente preparar seus funcionários para o turismo acessível, com funcionários prontos para recebê- los, com acessibilidade conforme as leis. As informações ao cliente devem ser claras e respeitosas. Os hotéis precisam criar projetos focados na acessibilidade mobiliária, com rampas, móveis e com design de objetos de uso pessoal como talheres, pratos, cadeiras e tudo que for possível para oferecer ao portador de necessidades especiais, condições que os deixem mais independentes, e possam ter mobilidade, em hotéis e lugares públicos.

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