A solidariedade no turismo vai além da
possibilidade econômica e social, ela entra nas barreiras físicas e alcança a
acessibilidade e o direito de ir e vir das pessoas com algum tipo de deficiência
física.
“A
compreensão mais recente da deficiência entende que as incapacidades são
produzidas na interação com o ambiente e são frutos da forma como este está
organizado. Por isso, a sociedade é que deve transformar-se, no sentido de
eliminar as barreiras que impedem a pessoa de exercitar plenamente as suas
capacidades e exercer sua cidadania.” (Susie Alcoba)
Quero comentar um case que mostra a falta
de investimentos na capacitação dos funcionários no relacionamento com os
clientes, mostrando uma inabilidade na gestão dos Recursos Humanos da empresa. A
empresa deve estar preparada para oferecer um atendimento de qualidade a seus
clientes. Este case fala da experiência de uma pessoa na acessibilidade do
turismo, mostrando a importância em fazer projetos que levem em conta as necessidades
e o contexto das pessoas com necessidades especiais. O Case Preconceito e discriminação no
Turismo,
postado no Blog Turismo Adaptado,
pelo Turismólogo Ricardo Shimosakai.
Fonte: Google
O case aconteceu quando Shimosakai, em
busca de realizar seu sonho em fazer a sua primeira viagem internacional a
Europa, vai a procura de uma agencia de viagens, considerada de grande porte e
conhecida por praticar o turismo acessível em todos os níveis: social,
econômico e pensávamos, eu e o autor do case, a acessibilidade física. Seria a sua primeira viagem depois de ter se tornado cadeirante. Ricardo tinha
dúvidas quanto ao destino, mas após consultar o agente de viagens, resolveu fazer o pacote fechado de 27
dias, para o final do mês de julho a meados de agosto, para Portugal,
França, Espanha e Inglaterra. O agente teve duvidas quanto à hospedagem, devido
às condições físicas de Ricardo, que o tranquilizou dizendo que saberia
se cuidar sozinho sem precisar de ajuda, na condição dos hotéis serem adaptados para
receber pessoas com necessidades especiais. Após consulta o agente confirmou as
condições de acessibilidade dos hotéis e do roteiro. Marcaram então o dia do
embarque. Ainda arrumando a documentação para o pacote turístico, o agente
percebeu que precisa resolver mais algumas questões, e pediu um prazo para o fechamento do pacote, em seguida enviaria os documentos para casa de
Ricardo, através de um motoboy. Ele aguardou alguns dias para o embarque,
e por não obter uma resposta, resolveu procurar a agencia e
ficou muito surpreso com a resposta do Agente:
“Senhor
me desculpe, infelizmente como o senhor nos dará muito trabalho, se quiser viajar,
terá obrigatoriamente que arranjar um acompanhante!” (Atendente da agencia de
turismo)
A reação de Ricardo foi à previsível,
ficou muito irritado e decepcionado devido à expectativa alimentada pela
agencia, no momento em que foi
contratado o pacote. O agente poderia ter informado sobre a questão da acessibilidade,
Pensou Ricardo. Sua desilusão foi imensa,
devido à frustração de seu sonho naquele momento. Logo com ele um profissional
de turismo que trabalha com turismo acessível, se vendo discriminado. Passado o
susto inicial, nosso protagonista resolveu procurar um advogado e rever seus
direitos. Contratou um advogado cego, que luta pelos direitos das
pessoas com deficiência, Roberto Bolonhini Júnior.
O juiz deu ganho de causa a Ricardo,
após uma verificação do caso utilizando outra pessoa nas mesmas condições. ficou claro
para o juiz que a empresa não teve o cuidado necessário para fazer o atendimento aos clientes que precisam de cuidados especiais, pois repetiram o mesmo erro. A
sentença decretada pelo juiz, para empresa foi: pagar uma indenização por danos
morais, preconceito, discriminação e outras questões que se enquadram nas
leis brasileiras e internacionais. A agência processada alegou estar preocupada
com o cliente, e queria deixá-lo confortável e sem problemas em sua viagem.
A lição deste episódio fez com que
Ricardo, logo depois de ganhar a causa na justiça e por ser um Turismólogo, resolver organizar por si mesmo, a viagem de seus sonhos, aos mesmos
lugares que pretendia, pesquisando todos os detalhes, com o cuidado de ver a acessibilidade
nos destinos. Um tempo depois da viagem passou a orientar clientes nas mesmas condições e com outros tipos de dificuldades em viagem de turismo adaptado, e acessível.
Deste case é possível concluir que: as agencias
precisam urgentemente preparar seus funcionários para o turismo acessível, com funcionários prontos para recebê- los, com
acessibilidade conforme as leis. As
informações ao cliente devem ser claras e respeitosas. Os hotéis precisam criar
projetos focados na acessibilidade mobiliária, com rampas, móveis e com design de objetos de uso pessoal como talheres, pratos, cadeiras e tudo que for possível
para oferecer ao portador de necessidades especiais, condições que os deixem mais
independentes, e possam ter mobilidade, em hotéis e lugares públicos.
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